LENDA DOS ORISÁS


Itan - Oyà entrega o "poder" do Fogo a Xangô


          Oyà e Xangô eram casados e todos os passos que dados por ele eram consultados pela sua poderá esposa. Certa vez Xangô como tinha mania de grandeza e sempre procurou expandir seu pode ou seus territórios confiou uma missão muito importante a sua querida esposa e de ordem confidencial que nenhum súdito em seu reino poderia saber ou ter ciência deste fato.
        Ai vocês devem estar se perguntando o porquê que ele deu esta missão a sua esposa ao invés dele executá-la. Pelo simples fato desta missão ser direcionada ao reino de Omulu* orixá ao qual Xangô sempre teve sérios problemas e só Oyà poderia entrar naquele reino em segurança total. Eis que ele cedeu a ela três cabaças* para que elas que retornassem cheias do material que secreto que Omulu iria fornecer a eles e também providenciou uma belo disfarce para que ela saísse do castelo e da cidade sem que fosse notada pelos moradores locais.
       Oyà se encaminhou ao reino de Omulu lá chegando saudou-o Atotô Ajuberô* e pediu Agô* eis que o velho Omulu também a saudou Eparrei Oyà Mêsã Orun*, ela conversando com Omulu perguntou se encomenda pedida a ele estava pronta e ele respondeu sim mulher dos raios e um ser misterioso de média estatura, negro, magro e vestindo vermelho e preto a tudo observava com gargalhadas em meia distância.
       Oyà sem muita demora pagou Omulu e rapidamente se pôs a tomar o caminho de volta. Assim que saiu o homem de vermelho e preto chegou em Omulu e ficou muito enraivecido por nem ela e nem o marido terem lhe oferecido nada na saída e nem na volta, eis que era Exú* o orixá dos caminhos. Sendo assim ele avisou a Omulu que daquele dia em diante ele mostraria para o sempre que as mulheres seriam curiosas, Omulu em silêncio deu as costas e foi-se embora.
      Oyà já pela metade do caminho sentiu um peso enorme e uma tremenda curiosidade em saber o que as cabaças portavam, ela não se contendo abriu uma das cabaças para saber o que tinha. Havia um pó de cheiro maravilhoso na cor vermelha, ela cheirou e ingeriu o pó. Quando ela foi abrir a boca para falar uma frase sobre o gosto do pó saiu labaredas de fogo tanto pela boca quanto pelos ouvidos, ela muito assustada, porém muito curiosa partiu para a segunda cabaça no que abriu continha um pó azul ela também ingeriu uma pequena quantidade, eis que quando foi fazer um gesto, relampeou pelos céus próximo mesmo estando limpos, quando ela ouviu o estrondo dos raios ela deixou a terceira cabaça cair ao chão esta então se rachou e dentro dela saíram os espíritos dos ancestrais (Eguns), ela prontamente falou: Heiiiiiiii!!! E Após todas essas surpresas ela partiu para o reino de Xangô. Chegando lá receosa, tirou o disfarce diante do seu rei e marido. Xangô exclamou: Trouxe-me o que pedi? Ela só balançando a cabeça sinalizou de sim.
       Xangô então, como não tinha muita paciência pegou as cabaças uma a uma e ingeriu todo conteúdo das duas de uma só vez. Ao abrir a boca soltou uma grande quantidade de fogo e labaredas e quando gesticulou com os braços os trovões tomaram conta do céu de Oyo*. Ele muito feliz, mas desconfiado perguntou a Oyà, me falta uma das cabaças, onde está? E disse: Responda-me com palavras, quando ela abriu a boca para responder Xangô viu que ela também possuía parte dos poderes e ela mostrou parte do conteúdo da terceira cabaça a ele que continha a morte e ele não quis saber, ficando meio frustrado pois queria os poderes somente para ele.
        Não havendo alternativa, ele entrou em um acordo com Oyà, que os dois regeriam os trovões e os relâmpagos e também o poder do fogo, mas ele ficou com a porcentagem maior dos poderes por ter ingerido maior quantidade dos pós.
       Oyà de “bom grado” aceitou e assim se restabeleceu a paz no reino de Oyo e lembrando que esta foi mais uma “peça” pregada por Exú, por terem se esquecido de oferecer seu Padê* antes de iniciar esta jornada.

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Omulu* - Orixá das doenças e da cura.
Atotô Ajuberô* - saudação ao Omulu, quer dizer respeite o silêncio.
Agô* - Licença.
Eparrei Oyà Mêsã Orun* - Estou surpresa com a mãe dos nove espaços sagrados.
Exú* - Orixá os caminhos e continuidade.
Oyo* - Cidade onde Xangô foi rei na Nigéria.
Padê* - Reunião ou evocar, ritual antes de começar uma festa que louva Exú e ancestrais.

Escrito por: Babalorisà Kleber ti Ogun onire.
Digitado por: Ekedji Thays ti oya.





       "Itan"* - O porquê do uso do mariwô* nas casas de candomblé?

      Certo dia em uma aldeia africana um trabalhador saia para mais uma jornada de trabalho, denominado assim fazenda, kossi-uku*, lá chegando começou a trabalhar normalmente para os donos da fazenda. Trabalhou, trabalhou, trabalhou e em mais dia de trabalho encerrado foi receber seu pagamento e não sendo a primeira vez os donos faltaram com a palavra e negaram que estavam sem dinheiro para pagar o que deviam ao aldeão. O aldeão por mais um dia não conseguiu levar o sustento de sua família e foi embora insatisfeito.
       No dia seguinte, seguindo o mesmo roteiro foi para outra fazenda executar o seu mesmo trabalho, ele era na época um excelente agricultor, portanto era muito requisitado por fazendeiros de toda região, mas enquanto os donos das terras enriqueciam as suas custas ele pouco via do lucro ou dificilmente via alguma coisa. Chegando a esta aldeia ele trabalhou, trabalhou, trabalhou e ao final do dia não recebera nada do dono do local. Só que aproximadamente as 6hs enquanto ele retornava para sua casa encontrou um homem magro, alto, esguio, sorridente e com vestimentas na cor vermelha e preta, e estranhamente o homem direcionou-se a ele e perguntou:
Homem: Olá meu amigo, Boa noite! O porque do seu semblante triste?, no mesmo instante ele responde:

Aldeão: Boa noite, mas não lhe conheço e como sabes que estou triste?

Homem: Bom, notei que está triste e insatisfeito com alguma coisa, vou te dar um conselho, procure um Babalaô* e ele poderá melhorar a sua sorte.

Aldeão: Mas como saberei aonde encontrar tal homem?

Homem: Ele está bem mais perto do que você possa imaginar.
      No que o aldeão se virou para pedir maiores detalhes ao homem, ele não viu mais nada e ficou espantado e foi se embora.
       Na manhã seguinte ele muito pensando ainda, mas decidido a procurar o tal Babalaô, saiu de casa e pediu dica para alguns amigos, eis que foi indicado a um Babalaô que ficava bem próximo da sua casa. Ele meio acanhado mas com muito curiosidade chegou a porta da casa do Babalaô, sendo saudado pelo mesmo e que solicitou que entrasse, dando início ao jogo. O Babalaô disse a ele que para melhorar a sorte, obter lucro e ainda receber pelo trabalho ele precisaria fazer um ebò*, cujo os elementos seriam um cachorro do mato (ajá*), emu*, oberó*, alguns obés* e uma grande quantidade de inhames e que depositasse em uma mata nativa fechada. Aí, ele e o Babalaô se acertaram. E muito contente em particular com algumas coisas ditas pelo Babalaô foi-se embora.
     No dia seguinte ele partiu para o local com todo material necessário para o ebó, quando chegou no local e começou a arriar as oferendas e cantar, eis que ouve um barulho ensurdecedor em meio a mata, quando ele levantou a cabeça assustado e ofegante, eis que o poderoso Ogum surge bem a sua frente em pessoa. Ogum pergunta ao pobre aldeão: Quem seria tão louco ou cruel de mandar você vir a um local sagrado destes? O aldeão respondeu: Estava tendo problemas no meu serviço e todos me enganavam, não deixam eu levar o sustento de minha família e aqui estou tentando melhorar minha sorte e agora a implorar pela minha vida para que o senhor não atire. Ogum respondeu: Entendi. O aldeão perguntou se Ogum gostaria se servir de alguma coisa daquela mesa farta. Ogum muito agraciado aceito com uma condição que comesse junto. O aldeão honrado aceitou e continou a explicar sua situação a Ogum. Ogum ouviu atentamente enquanto se fartava parando imediatamente de comer e disse ao aldeão: Pois bem! Vá a casa de todos que você ama leve essas minha folhas (mariwô) e marque no alto das portas pois a noite eu mesmo em pessoa lá irei e acabarei com a cidade por completo só não acabarei com as casas que você marcou. O aldeão imediatamente saiu com as folhas recebidas por Ogum e foi marcando a casa de ente querido.
      Ao anoitecer quando a vila estava bem movimentada e cheia de pessoas transitando como um relâmpago Ogum surge na cidade e sem poupar nem nada e nem ninguém com apenas um golpe de sabre* ele acabou com cidade por completo ficando de pé somente as casas marcadas com o mariwô e poupou também os reis da cidade. Na sequência ele criou em voz alta para que o aldeão assumisse a reconstruisse aquela cidade porque ali Ogum estava proclamando ele como novo Rei e fez imediante os antigos reis da cidade se curvarem ao aldeão em seguida com mais um golde de sabre decapitou a cabeã de todos os reis não deixando um só de pé. O aldeão emocionado e assustado agradeceu e prometou a Ogum que faria um bom governo, Justo e Nobre.
      Ogum também satisfeito desapareceu na escuridão da noite, deixando de presente para cidade e para o aldeão uma semente de pé de dendezeiro e uma espada.

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Itan* - Lenda.
Mariwô* - Folha de dendezeiro desfiada - Planta lendária e milenar.
Kossi-uku* - Aonde não há morte, local de trabalho na Nigéria.
Babalaô* - Senhor do Opelé Ifá (Senhor da Advinhação)
Ebó* - Oferendas
Ajá* - Cachorro
Emu* - Vinho da palma
Oberó* - Alguidar
Obés* - Facas
Sabre* - Espada

Escrito por: Babalorisà Kleber ti Ogum onire
Digitado por: Ekedji Thays ti oya